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Emanoel Araújo, um artista brasileiro que ilumina os outros

Aug 07, 2023

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O artista afro-brasileiro Emanoel Araújo é considerado um gigante em seu país natal. Um museu que ele fundou está trabalhando para preservar seu legado.

Por Jill Langlois

Reporting from São Paulo, Brazil.

No dia em que Emanoel Araújo morreu, no ano passado, seu museu estava em ruínas.

Era 7 de setembro, aniversário de 200 anos da independência do Brasil, e as reformas do Museu Afro Brasil haviam começado no mês anterior.

Artista conhecido tanto por suas esculturas geométricas e relevos quanto por sua tenacidade e propensão para conseguir o que queria, Araújo (pronuncia-se Ahra-OO-zhoh) faltava apenas dois meses para completar 82 anos quando morreu - 18 anos depois de fundar o museu e mais tarde lutar por financiamento estatal para atualizações tão necessárias.

Mesmo com a demolição de pisos e a derrubada de paredes, Araújo insistiu em que o Museu Afro Brasil – que leva seu nome no prédio e que ele considerava sua obra mais importante – não fechasse completamente, deixando as exposições de longa duração abertas ao público. público.

Embora não seja muito conhecido em muitas partes do mundo, Araújo é um nome conhecido no mundo da arte brasileira. Ele passou a vida tentando criar espaços expositivos tão necessários para artistas afro-brasileiros pouco reconhecidos — isso em um país com uma população majoritariamente negra — e doeu-lhe pensar que as portas do museu, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, estaria fechado.

“Já tivemos que fechar por oito meses em 2020 por causa da pandemia, e Emanoel estava muito angustiado e preocupado com isso”, disse Sandra Salles, diretora executiva do Museu Afro Brasil, em entrevista recente. “Ele se recusou a trabalhar em casa. Rimos porque mesmo quando o parque estava fechado e não podíamos chegar fisicamente ao museu, ele queria ir trabalhar.”

Assim, quando Araújo morreu, não houve necessidade de discutir onde seria seu funeral. Amigos e colegas reuniram-se e começaram a esvaziar a galeria junto à entrada do piso térreo do museu. No centro da sala de pé-direito alto e com paredes brancas e nuas, exceto por dois relevos de Araújo, foi colocada uma das peças mais conhecidas do artista, “Baobá”.

A escultura, uma imponente figura vertical com ângulos agudos esculpida em madeira e pintada de preto, tem o nome de uma árvore sagrada para o povo iorubá da África Ocidental. Representa a ligação entre os mundos físico e espiritual e é considerada uma testemunha do tempo e guardiã da memória. É também um símbolo adequado para um homem que passou a vida tentando preservar a história e a cultura dos afro-brasileiros através de seus artistas.

“Ele costumava dizer: 'Se eu não me lembrar deles, lembre-se da história deles, ninguém se lembrará'”, disse Salles. “'Este país não tem memória. Eles vão pensar que tudo isso caiu do céu.'”

Agora os holofotes se voltam para o trabalho de Araújo: sua primeira exposição individual nos Estados Unidos será na Jack Shainman Gallery, em Nova York, que também representa seu espólio. A mostra, que estreia no dia 12 de setembro, vai destacar peças que o artista criou ao longo de sua carreira, dos anos 1970 a 2022, em diversos suportes, incluindo madeira, metal e objetos encontrados.

“Ele passou grande parte de sua vida apoiando outros artistas”, disse o cofundador da galeria, Jack Shainman. “De certa forma, ele estava escondido à vista de todos. E suas preocupações, suas intenções, seu trabalho realmente se assemelham a tantos dos artistas com quem já trabalho que adicionar sua voz parece quase como se fosse parte de um refrão.”

Grande parte da coleção pessoal de peças de artistas africanos e afro-brasileiros de Araújo - que chega a milhares e está espalhada por suas casas e pelo Museu Afro Brasil - também será leiloada ainda este ano em São Paulo, na esperança de que eles continuarão disponíveis para exibição pública.

Nascido em uma família de ourives na cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no nordeste do Brasil, Araújo aprendeu a trabalhar a madeira no ateliê do mestre entalhador, Eufrásio Vargas. Aos 13 anos, ele conseguiu um emprego como designer gráfico na Imprensa Oficial de sua cidade natal, empresa que imprime comunicações e anúncios governamentais.